sábado, 26 de julho de 2014

Eu não aprendi a dizer adeus

             Há algum tempo eu venho tentando transcrever um sentimento que só cabe a imensidão do meu coração; a saudade. Eu nunca souber dizer adeus, nunca gostei de despedidas, muito menos de ir embora, ou melhor, deixar alguém ir embora. Ah Flávia, então tu nunca mandou ninguém ir embora da tua vida? Sim, já e não me arrependo. As vezes é melhor mandar sair do que deixar e fazer um estrago. Também não precisamos ser hipócritas, ok? Ok.
              Hoje, um dia chuvoso e sem muita vida, mergulhei numa limpeza profunda destas que você lava até a alma. Sabem como é, janeiro, começo de ano, é bom jogar as coisas ruins fora. E não, eu não me refiro a limpeza espiritual, me refiro a limpeza com panos úmidos e baldes d'água. E nesta organização acabei encontrando dentro de uma caixa de papelão (destas que se colocam quinquilharias), um objeto estranho e que poucas pessoas conhecem, e confesso que se determinada pessoa não tivesse feito parte da minha vida eu nunca conheceria. Eu encontrei um beloquê. 
              Rapidamente o peguei em minhas mãos e me deixei levar por um sentimento, este que desde tempos atrás não vai embora; a saudade. Apenas observando aquele objeto consegui reviver boas lembranças e até mesmo ouvir o barulho do encaixe torto e descompassado. Meus olhos rapidamente lacrimejaram, era a saudade ali tão presente e tão distante. É impossível não sentir o meu peito arder em fogo, igual ao dia em que você me disse adeus. Tenho certeza que não doeu tanto quanto o seu, mas ainda assim doeu. Ainda não consigo aceitar o fato de vários exames médicos negarem qualquer anomalia em seu coração, e logo mais a biopsia acusar um infarto fulminante. -mais uma vez meu peito dói. Indícios este da saudade que não vai embora.
                   Ainda fico a sua espera, mas é segredo ninguém pode saber. Fico imaginando você entrar porta a dentro e dizer pro meu namorado que a barba dele está suja (e depois soltar aquela piadinha marota de sempre -Deus, te abençoe), ou me perguntar que dia é hoje e repetir por mais dez vezes só pra me tirar do sério. Fico esperando seus ensinamentos diários cheios de doses de felicidade, doses que explodiam em seu rosto num belo sorriso, doses de quem não conhecia a tristeza e a maldade do mundo.
                 Hoje não tenho mais nada disso. Não tenho mais com quem apostar corridas tortas até a porta de casa, ou quem sabe lhe defender por aí destes ridículos preconceitos da humanidade. Não tenho mais lutas, não tenho mais por quem lutar. O preconceito esta cada dia mais distante e ninguém se abala com a sua presença, novamente não tenho por quem brigar. 
                Nunca quis deixá-lo ir, e isso deveria ser o suficiente para você nunca ter partido -ingrato. Eu só queria mais tempo ao seu lado para aprender a rir um pouco mais da vida e dos meus tropeços. Alguém com quem compartilhar a dor e fazer dela minha felicidade. Queria um tempo a mais para continuar com seus ensinamentos diários. Mas confesso, trocaria tudo isso por um último primeiro abraço. Este o qual eu guardaria dentro de um baú, numa embalagem a vácuo com largas escritas alertando para ninguém se aproximar, porque se trata de uma relíquia frágil e escassa. Um amor verdadeiro. -mais uma vez, só queria você de volta.
               O texto ficou sem sentido, e totalmente disléxico, creio que a saudade também seja assim. Sem pontos, cheio de virgulas e espaços. Espaços estes que jamais serão preenchidos.





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