quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Nosso amor e o síndico

Como nos últimos dias, mal saímos do elevador e lá estávamos nos amassando em frente a porta do nosso apartamento. E tudo está sendo como sempre sonhamos que seria, tudo tão mágico e tão nosso. A diferença é que  é agora nestes metros quadrados que vamos esconder nossos medos, certezas e desejos.

Nosso rastro sempre impecável, sempre largando tudo logo após cruzar a nossa porta de entrada e assim seguíamos desperados para o nosso quarto, ou melhor, para qualquer móvel que ficasse distante o bastante das belas janelas de quase dois metros que revestiam nosso apartamento. 

Mas hoje não, em plena sexta-feira chegamos calmos e exaustos, a pegação ocorreu, mas logo a trocamos por umas taças de vinho e queijo. E lá estávamos nós, sentados e largados em nosso sofá preto ardente. E lá mesmo adormecemos. 

Como nem tudo é um mar de rosas, acordamos com uns -quase chutes- socos em nossa porta; você ao se levantar caiu e me puxou, eu resmunguei algumas palavras mas sorri ao ver você me repor no sofá. Ao contrário de nossa calmaria, a outra pessoa parecia que iria salvar o presidente se nos despertasse aquela hora. Peguei o celular e com um feixe de olhos pude ver que não passava das 3H. Quem seria o maldito mal amado que nos acordara naquela noite. Claro, o síndico. Como não imaginamos isso antes? Uma bela e tardia visita do síndico. 

Já era a quarta vez que aquele senhor rechonchudo nos perturbava pela madrugada. Sorte a dele de que não interrompera nada, senão, hoje ele iria se acertar comigo. Ah se iria. 

Passados trinta minutos de sermão lá estávamos nós, os três, sentados no nosso sofá esperando as horas passarem. Já era a décima reclamação de que havia muito barulho vindo do nosso apartamento pela madrugada e já era a quinta vez que dividíamos nosso sofá com este querido homem. 

Até que na vigésima semana descobrimos que o problema não vinha exatamente do nosso apartamento, mas sim, do encanamento que passava por debaixo dos nossos pés. 

-E pensar que durante quinze dias ficamos apenas dividindo os sofás ( me refiro a gente, não ao síndico). 




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