domingo, 17 de agosto de 2014

Goodbye!

Eu estou saindo. Meio apavorada e cheio de anseios. Não me faça perguntas ridículas porque eu também não vou querer saber sobre as respostas. Mas eu estou indo. Partirei pela manhã e quem sabe não retornarei mais. 

Confesso que essa confusão toda está abalando o meu SNC (Sistema Nervoso Central), quase não me alimento e quando tento alguma coisa sai errada. Minha última gafe foi confundir um coelho com uma galinha, mas isto é aceitável -assim eu espero.

Estou de mudança, minhas malas já estão postas à sala, meus cabides já estão no meu novo quarto. Meu arco-íris voltara a reduzir suas cores. Me pegaram de surpresa, me acostumei. Ganhei uma nova família e novos álibis. Agora que estou livre anseio por não querer partir. 

Vou voltar a melancolia e a minha solidão. Essa a qual eu só compartilharei com você. Não haverá quadros nem cores, mas haverá música. Se quiser, puxe uma cadeira e fique ao meu lado. Sempre vou preferir a sua companhia do que a minha dramaturgia, mas entendo também se quiser ir embora. 

Não se assuste se eu não fizer pedidos, e nem lhe convidar para ficar. Devo conhecer seus espaços e entender os seus medos, mas espero que também compreenda os meus. E se por acaso eu desistir, me faça o favor de me relembrar. 

O táxi chegou, é hora de partir. Ficarei há algumas quadras daqui, mas não espere eu me sentir sozinha para me fazer companhia. Como também não espere eu lhe esquecer para vir tomar o seu lugar. Deste modo não espere nada, pois sou um poço de melancolia e saudade que se misturam ao amor que eu sinto por você.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Nosso amor e o síndico

Como nos últimos dias, mal saímos do elevador e lá estávamos nos amassando em frente a porta do nosso apartamento. E tudo está sendo como sempre sonhamos que seria, tudo tão mágico e tão nosso. A diferença é que  é agora nestes metros quadrados que vamos esconder nossos medos, certezas e desejos.

Nosso rastro sempre impecável, sempre largando tudo logo após cruzar a nossa porta de entrada e assim seguíamos desperados para o nosso quarto, ou melhor, para qualquer móvel que ficasse distante o bastante das belas janelas de quase dois metros que revestiam nosso apartamento. 

Mas hoje não, em plena sexta-feira chegamos calmos e exaustos, a pegação ocorreu, mas logo a trocamos por umas taças de vinho e queijo. E lá estávamos nós, sentados e largados em nosso sofá preto ardente. E lá mesmo adormecemos. 

Como nem tudo é um mar de rosas, acordamos com uns -quase chutes- socos em nossa porta; você ao se levantar caiu e me puxou, eu resmunguei algumas palavras mas sorri ao ver você me repor no sofá. Ao contrário de nossa calmaria, a outra pessoa parecia que iria salvar o presidente se nos despertasse aquela hora. Peguei o celular e com um feixe de olhos pude ver que não passava das 3H. Quem seria o maldito mal amado que nos acordara naquela noite. Claro, o síndico. Como não imaginamos isso antes? Uma bela e tardia visita do síndico. 

Já era a quarta vez que aquele senhor rechonchudo nos perturbava pela madrugada. Sorte a dele de que não interrompera nada, senão, hoje ele iria se acertar comigo. Ah se iria. 

Passados trinta minutos de sermão lá estávamos nós, os três, sentados no nosso sofá esperando as horas passarem. Já era a décima reclamação de que havia muito barulho vindo do nosso apartamento pela madrugada e já era a quinta vez que dividíamos nosso sofá com este querido homem. 

Até que na vigésima semana descobrimos que o problema não vinha exatamente do nosso apartamento, mas sim, do encanamento que passava por debaixo dos nossos pés. 

-E pensar que durante quinze dias ficamos apenas dividindo os sofás ( me refiro a gente, não ao síndico).