quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Acc nº 672

  É verão e no termômetro deve marcar uns míseros 40º , e pra variar não se vê uma janela aberta. Provável que você possuí um ar-condicionado de última geração, e por isso pouco se preocupa com o calor. Muito ao contrário de mim, que estava até pouco, toda esparramada pela varanda do meu apartamento.

  Digamos que você é um pouco estranho, fora nunca abrir as janelas, vive recebendo encomendas gigantes e eu o máximo que recebo dos correios são os meus pequenos livros.

  Garanto que o fator mais engraçado é de eu só ter descoberto que quem vive aí é um ser humano de verdade quando pela primeira vez eu vi seu rosto. E você era jovem. O que de fato me deu um baita susto. Você deve no máximo ser dois anos mais velho do que eu, e vive trancafiado neste apartamento.

   As más línguas chegam a dizer que você é louco, outras dizem que é um dependente químico e que seus pais o mantêm preso. Eu discordo de ambos. Tirando o fato de que você foi atender o carteiro de pantufas, você me pareceu ser uma pessoa bem lúcida. 

  Segundo o síndico você mora aí por cinco anos, é mais tempo do que eu e que muitas pessoas neste prédio. Na verdade eu nem sei porque estou conversando com um alguém que se quer abre a janela pra me responder. Na verdade mesmo, não sei nem porque faço isso há um ano. Talvez não devesse mais voltar aqui na minha varada que dá de encontro com a sua. Talvez deveria era procurar um psicólogo, até porque falar com alguém que não dá a mínima pra mim é a coisa mais imbecil de toda esta história. 

   - Foi quando me levantei pra ir embora que o pai de vocês decidiu por fim abrir a porta e me chamar pra sair. Agora se me permitem, irei guardar esta carta antes que ele chegue em casa. 



quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Mais uma dose por favor!


- Amigo! Aqui, mais uma dose! - pedi ao garçom. - Ah, e eu o chamo de amigo, porque ele realmente é meu amigo. Venho aqui com média de quatro vezes por semana. Já faço parte da casa.

- Mas então, como eu estava te dizendo. Dia destes eu até pensei que finalmente tinha encontrado o amor. Num outro barzinho qualquer, com uma música bem agradável e várias pessoas bonitas. Ela era legal, pena que era meio masoquista. É. Não que eu não goste, mas sabe como é, ela luta Judô e quebrou dois dedos meus na ultima vez que fomos nos despedir. Assim fica meio difícil, sabe como é. Mas até aí tudo bem, tudo ia normal. Fomos até o hospital, ela me pediu desculpas, mas eu achei melhor a gente se afastar. Vai que ela decidi fazer isso na cama. Aí, eu morro!

Antes, no caso, dela, eu nunca entendia porque não dava certo. Eu pagava as bebidas, levava até em casa. E vez ou outra, até ligava no dia seguinte,  na semana seguinte, sempre me fazia presente. Acho que o problema está com elas. Ou eu deveria virar gay. Seria mais fácil entender alguém do mesmo sexo que eu. Pena que eu realmente gosto muito da fruta. Senão, até pensaria no caso. 

Ou quem sabe, se o amor fosse mais fácil e traduzível eu até conseguiria. Sabe, que nem receita de bolo de vó. Três xícaras de chá de boa gentileza, uma boa pitada de carinho e uma dose de amor. Vai dizer que não seria mais fácil?

- É engraçado ouvir isso de você. Digo, um homem com tanta sorte na vida nunca encontrou um verdadeiro amor. - Ela disse pra mim, enquanto eu virava mais uma dose.

- É, mas o bom é que eu nunca perdi as esperanças. Ele deve estar por aí, uma hora ou outra eu me esbarro com ela. - Ela ainda me olhava atentamente, como desde a primeira palavra que eu disse.

- Ainda é engraçado. O senhor já beirando os seus setenta anos, e ainda pensando assim. É raro. - Ela corou - Desculpa, eu não quis tocar na sua idade. É só que, é estranho, diferente. O pessoal mais jovem não pensa assim e o senhor... 

- Tudo bem minha querida, mas sabe, - eu a interrompi, e dei outro gole - o amor ele não têm idade, ele apenas precisa ser verdadeiro e acontecer. Já ouvi muito disso, me enfiei em várias discussões também, mas ainda, ninguém me convenceu de que o amor possui uma idade concreta para acontecer. -  me virei e pedi mais uma dose





Então, se vocês gostaram do texto ou não, deixem no comentários aqui abaixo. Sua crítica é muito importante para o funcionamento deste blog. (:


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

que seja com você;

- Talvez a gente caia, brigue, afunde novamente o Titanic ou outro parecido, quem sabe. Talvez a gente não faça nada disso. Talvez ao sairmos daqui eu seja atropelado, ou você seja, mas o importante é ficarmos juntos. Ok? Quem sabe também, na pior das possibilidades eu encontre outra mulher perfeita para a minha vida, tipo a minha avó que eu não conheci. Quem sabe a gente não consiga viajar neste final de ano, ou quem sabe ainda a gente consiga. Quem sabe ao cruzar o fim da igreja você olhe para mim e diga que eu não sou o homem perfeito para você. Talvez a nossa casa não fique pronta, os filhos nasçam antes, a cortina não combine com o sofá, o cachorro solte pulgas por onde quer que passe. Talvez não tenhamos cachorros, mas sim gatos. Talvez tenhamos um curral na nossa sala de jantar, mas quem sabe o coitado do curral seja apenas um quadro. Talvez o quadro caia em cima da nossa mesa de jantar, que talvez, sem querer, atinja um dos nossos convidados de honra, de hoje, por exemplo. Talvez a gente nem faça uma sala de jantar. Talvez o nosso carro alugado diga que outro casal pagou mais caro, e assim ele nos roubam o mesmo e a gente fica apé em nossa linda e maravilhosa lua de mel. Talvez também o seu vestido rasgue assim que você diga "aceito" e todos aqui nesta igreja ficam conhecendo a sua lingerie antes de mim. Talvez eu fique puto e também rasgue a minha calça só pra você sentir o mesmo sentimento que eu irei sentir, caso isso aconteça, claro. Talvez ainda nós nos afogamos com os arroz na saída, e na hora de eu te desafogar eu te dê um golpe e tu fica desacordada e o teu pai olhe pra mim querendo me matar, e todos ficam preocupados e na verdade tu só tá fazendo cena pra ficar mais tempo no nosso casamento. Talvez nada disso aconteça e seja só invenção da minha cabeça, mas o que eu realmente quero te dizer é que; se for pra tudo dar errado, quero que seja com você apenas com você.





Este texto é um oferecimento do Imagine, que é escrito por mim. Avá?!. Mas então, ele foi inspirado na música - se for pra tudo dar errado da banda Tópaz. É isso aí, espero que curtam e deixem aqui embaixo se vocês gostaram ou não do texto. Obrigada!

sábado, 3 de agosto de 2013

A teimosia de um amor

Ele anda por aí com a cabeça erguida e nunca olha para trás. E como se não bastasse se faz de forte e insensível, e se quer fala sobre o que aconteceu no passado. Ela por sua vez, finge que a vida é bela e que tudo o que aconteceu até agora, aconteceu por algum motivo. Mas ainda assim, foi melhor o que aconteceu -ou em outras palavras, o que deixou de acontecer.

Os caminhos não mais se cruzam, os amores não mais são os mesmos. Os sonhos? Bom, estes já não existem mais. Não foi a vida, não foi o tempo, não foi a falta do mesmo. Foram eles. Eles quiseram assim, eles procuraram e deixaram que as coisas ficassem desse jeito.

A música não mais toca, o suspiro não mais se faz presente e a falta de ar não mais os atrapalha. Eles cresceram. E não foi só o crescer, mas sim o perder. Perderam o que de mais bonito existia dentro deles, o amor. Ele busca sucesso, lê constantemente vários livros, vai em diversas conferências e vive pulando de país em país. Ela, virou totalmente o seu oposto. Apenas buscou alguém que lhe trouxesse calma, que entendesse os seus constantes surtos e, que ainda no final de cada dia ainda lhe murmurasse um - eu te amo.

Negar o passado, fingir que tudo  não passou de uma simples historia de amor. Esse era o lema de vida dos dois, negar tudo, mesmo que os fatos dissessem o contrário. Mas até quando dois corações suportam a dor e a distancia por culpa de um orgulho bobo e medo? Seria mais fácil esquecer e aceitar, ou continuar nesta luta constante em negar tudo aquilo que foi registrado e cravado em suas memorias?

Provável que eles nunca saibam. Provável que ninguém mais saiba. A história está cada vez mais distante de se tornar perfeita e real. Por culpa dele? Talvez. Ele foi um tanto orgulhoso, mas sempre deixou bem claro, que se não fosse por ela jamais ele voltaria a lutar por um amor.


"hay cosas dentro de mí

Que puedo esconder

Y nadie mas ver"













quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Um alguém

Faz frio e a chuva está cada vez mais forte, não sei onde errei ou em qual esquina deixei o nosso amor. Realmente não sei. Eu queria encontrar uma solução, alguma resposta para esta equação errônea na qual continuo a insistir.

Você se quer lembra de mim, mas faz questão de mostrar ao mundo que eu nunca realmente fui. Você continua com esta sisma de esfregar na cara de todos que nada passou de uma fictícia história de amor. Mas eu, eu não consigo mais. É forçar demais para mim.

O orgulho. Por diversas vezes você me disse o que estava errado, por diversas vezes eu ignorei os seus suspiros e lamentos. Mas eu juro. Juro que você sempre foi a primeira mulher a vir em  mente quando me perguntavam -naquelas entrevistas toscas- se existia um alguém em minha vida. Sempre existiu. Sempre foi você.

Nos despedimos da melhor forma possível. Te encontrei num Pub qualquer, em uma cidade qualquer e te convidei a mostrar para o mundo que seguíamos ali. Eramos dois imbecis apaixonados mas com medo de seguir e viver um amor.

Agora, eu estou aqui, em frente a sua casa com o seu maldito convite de casamento em mãos e, não sei ao certo o que fazer. Rodei por vários quilômetros e o desgraçado do meu inconsciente me trouxe até aqui. Eu só queria saber o porquê de tudo isso. O porquê de nunca ficarmos juntos, mesmo quando o mundo conspirava ao nosso favor. O porquê do adeus, quando prometemos começar do zero.

Eu só queria ser um alguém na sua vida. Um alguém com o qual você pudesse estar agora. Um alguém que te fizesse feliz.