quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Acc nº 672

  É verão e no termômetro deve marcar uns míseros 40º , e pra variar não se vê uma janela aberta. Provável que você possuí um ar-condicionado de última geração, e por isso pouco se preocupa com o calor. Muito ao contrário de mim, que estava até pouco, toda esparramada pela varanda do meu apartamento.

  Digamos que você é um pouco estranho, fora nunca abrir as janelas, vive recebendo encomendas gigantes e eu o máximo que recebo dos correios são os meus pequenos livros.

  Garanto que o fator mais engraçado é de eu só ter descoberto que quem vive aí é um ser humano de verdade quando pela primeira vez eu vi seu rosto. E você era jovem. O que de fato me deu um baita susto. Você deve no máximo ser dois anos mais velho do que eu, e vive trancafiado neste apartamento.

   As más línguas chegam a dizer que você é louco, outras dizem que é um dependente químico e que seus pais o mantêm preso. Eu discordo de ambos. Tirando o fato de que você foi atender o carteiro de pantufas, você me pareceu ser uma pessoa bem lúcida. 

  Segundo o síndico você mora aí por cinco anos, é mais tempo do que eu e que muitas pessoas neste prédio. Na verdade eu nem sei porque estou conversando com um alguém que se quer abre a janela pra me responder. Na verdade mesmo, não sei nem porque faço isso há um ano. Talvez não devesse mais voltar aqui na minha varada que dá de encontro com a sua. Talvez deveria era procurar um psicólogo, até porque falar com alguém que não dá a mínima pra mim é a coisa mais imbecil de toda esta história. 

   - Foi quando me levantei pra ir embora que o pai de vocês decidiu por fim abrir a porta e me chamar pra sair. Agora se me permitem, irei guardar esta carta antes que ele chegue em casa. 



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